Sol e Chuva

Thursday, May 31, 2007

Perder-te

Perder-te é ter gravado no peito o espaço vazio entre os ladrilhos.
É sentir o silencio das coisas engasgado na garganta

É ouvir a densidade das tardes languidas nos suspiros que se escondem entre o dormitar e acordar.

É lembrar, assim que desperto, do canto dos mineiros que nas minas batem e cantam e voam por baixo da terra.

(Não se ver
no espelho
É
Morrer.)

Perder-te.

Tuesday, May 01, 2007

Campos de algodão

Tenho certeza
que em uma vida passada,
colhi algodão nos campos escaldantes,
onde os raros sopros de vento ganhavam valor
de dádivas.

Tenho certeza pois, ao fechar as mãos,
sinto as feridas ardendo feito fogo.
Como se os espinhos estivessem ainda dentro
da carne.

E o torpor das febres diárias

E as noites abafadas sem chuva nem sono

E o suor que descia nos olhos e cegava

Mas acima de tudo tenho certeza porque
lembro perfeitamente do gosto sagrado
que a cerveja adquiria enquanto

olhávamos

e

olhávamos

e

olhávamos

os campos intermináveis
nos domingos de descanso.

Sunday, April 01, 2007

"Felizes os gafanhotos"

Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos

Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos

Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos

Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos

Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos

Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos

Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos
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Felizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos Felizes os gafanhotosFelizes os gafanhotosFelizes os gafanhotos

Sunday, March 25, 2007

Cosas de Domingo

Ai, la vida la vida la vida és, és un cotratiempo. Ai la vida la vida la vida és, és un contratiempo...


Bulerías de Camarón

Tuesday, February 06, 2007

Jaime Ovalle

Poema só para Jaime Ovalle

Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já tivesse avançada).

Chovia

Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso
da noite.

Então me levantei.
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...
-Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.


Manuel Bandeira.


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Jamile viajou. Viajou para longe e não me
confiou seu paradeiro. Cofiscou-me o binóculos
e o chapeu de safari. Disse que não sabe
quando volta e pediu-me para
postar esse poema do Bandeira
como uma despedida incerta.
Tudo que me confiou foi a direção
de sua jornada; o Sul, e o nome do navio; Lucy.
Confinou-me a incerteza da espera (que espera).

Suas últimas palavras antes do navio partir:

"Não perderei Fevereiro.."




Thursday, October 26, 2006

Dos quartos e Das penúmbras

Dos quartos e Das penúmbras olho languidamente;
Estática, vazia. Onde teus cílios já não mais me perfuram.
Mesmo quando o trem apita à meia-noite
ou o relógio badala o meio-dia;

-Meio-dia
-Meio-dia
-Meio-dia
-Meio-dia
-Meio-dia

Dos quartos e Das penúmbras,
encostada à parede,
trago a ausencia dos dias,
a ausencia de mim;
dos meus dias.

(Só no cair da
entre-tarde-entre-noite
é que consigo juntar tuas bocas,
olhos e narizes, recortados e
espalhados pelo chão e teto.)

Dos quartos e Das penúmbras,
onde olho tuas fotografias que
descansam & dormem (cansadas)
pelo meu piso
de azulejos
brancos.


Jamile Fernandes Paiva

Saturday, August 26, 2006

Olha

Vai!, vai quando te tocam o ventre e o calor te sobe aos olhos enquanto tu fecha as pálpebras e diz: -Olha, já se passou tanto tempo...

Meu bem, quando a música te fode pelas costas e tu sentes o mesmo calor subir enquanto fecha as pálpebras , bate a porta, esmurra o botão do elevador, à mão que sangra, e foge do horror, do horror do calor.

Deixa as palavras virarem mel na tua boca e escorrer pelo teu queixo nu.
Mesmo tu não gostando de mel, queixo e de poemas embebidos do mel que nasce das tuas coxas nuas.

Fode enquanto resta-te foda, e dá àdeus quando ainda resta um olhar na galeria.


Olha
bem
de
perto
de
muito
perto
porta pára
quando tu não


-PÁRA!
-PÁRA!
-PÁRA!



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Escrevi isso a poucas horas na casa do
tito, na sua mais nova máquina de
escrever. É muito legal escrever em
uma máquina de escrever, tirando os momentos
que eu sentia medo de quebrar as unhas.